Cadeias de valor sustentáveis no Nordeste brasileiro

A Mata Atlântica

A Mata Atlântica é um dos biomas mais ameaçados do Brasil devido ao intenso desmatamento que vem sofrendo ao longo do tempo. Ao mesmo tempo, abriga uma altíssima biodiversidade e possui muitas espécies endêmicas, sendo necessárias ações de conservação e restauração, especialmente olhando para a criação de corredores ecológicos e promoção de meios de vida resilientes. Inicialmente ocupando uma área que se estendia do sul do ao nordeste do Brasil, a Mata Atlântica hoje está reduzida a 8 a 11% de sua formação original. Estamos desenvolvendo um projeto na Mata Atlântica paulista também. Conheça sobre esse projeto aqui.

Durante nossa expedição em Flexeiras, AL.

O Projeto focou na região entre a Serra do Urubu, PE, e Murici, AL

Em 2021, nós da PRETATERRA atuamos no Projeto “Conservação da Mata Atlântica no Nordeste Brasileiro – Paisagem Murici/Serra do Urubu”, como parceiros do WWF-Brasil  e da SAVE Brasil  no mapeamento de cadeias de valor, implantação e planejamento de sistemas agroflorestais, criação de redes de empreendedorismo e elaboração de planos de negócios voltados para promoção de serviços ecossistêmicos.

A região da Paisagem Murici/Serra do Urubu abrange 18 municípios, alguns dos mais pobres dos estados de Alagoas e Pernambuco, sendo que de seus 220 mil habitantes, 60 mil são residentes de áreas rurais. Apesar desse território possuir apenas 10% de sua área sob alguma unidade de preservação, tem uma alta biodiversidade de fauna e flora, incluindo diversas espécies de aves ameaçadas e endêmicas, que foram mapeadas pela equipe da SAVE Brasil.

A relação das comunidades com o meio ambiente pode ser considerada distante, pois cerca de 40% dos moradores de assentamentos ao redor de Murici (segundo o Plano de Manejo da ESEC Murici) classificam a serventia da mata apenas para “pegar pau seco, remédios e frutas”. A cadeia das frutíferas tem pouco valor agregado com relação a floresta. A produção agrícola de destaque é o monocultivo de cana-de-açúcar, ainda que nas últimas décadas os grandes engenhos tenham entrado em declínio. Apesar disso, existe uma biodiversidade em menor escala, nos assentamentos rurais, onde os moradores cultivam algumas frutíferas como banana, laranja, abacaxi e acerola.

Turismo rural como cadeia de valor promissora

Após o mapeamento de stakeholders, entrevistas com a utilização de ferramentas de aquisição de conhecimento tradicional (saiba mais aqui) pesquisas, foram identificadas algumas cadeias de valor importantes para a região, das quais quatro foram selecionadas como prioritárias para promoção de negócios sustentáveis.

Uma das cadeias de valor com relevante potencial e ainda pouco desenvolvida na região foi o turismo rural. A existência de recursos naturais como cachoeiras, trilhas e fragmentos florestais são destinos turísticos a serem explorados que estimularão a propagação do conhecimento tradicional deixado como herança do povo Nordestino.

A estruturação de uma rede de empreendedorismo pode levar à criação de novas rotas para diferentes públicos como ciclistas, observadores de aves, imersão em vida rural, turismo de aventura, etc. A ideia também é que essa iniciativa gere uma reconexão dos moradores e visitantes com a floresta, o aumento da resiliência ecológica com a conservação ambiental e por consequência, uma nova fonte de renda para a região. É necessário a atuação conjunta do poder público, que já tem programas específicos para o turismo rural desses estados, que historicamente foi negligenciado em comparação ao turismo praiano.

O turismo rural, além de exigir pouco investimento do produtor, também abre oportunidades para o oferecimento de serviços correlacionados, como guia em trilhas ou observação de aves, contação de histórias, refeições, alimentos in natura ou manufaturados, como pães e doces, e até artesanatos. Tudo isso incentivando o cuidado e uso sustentável dos recursos naturais ao redor.

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