Do Concreto ao Campo: Neorruralismo, um sinal para repensar o modo de vida das grandes cidades

neorrurais

Neste artigo, discutiremos como e por que o crescimento do número de neorrurais pode indicar um futuro menos centralizado e substancialmente diferente do presente.

Quem são os neorrurais?

Da mesma maneira que existiu um fenômeno de intensa centralização e migração do campo à cidade durante a Primeira Revolução Industrial, hoje observamos um movimento oposto: muitas pessoas estão deixando as grandes cidades para viver em áreas rurais, chamado como neorruralismo. De acordo com Azevedo, os neorrurais são:

“uma nova classe de pessoas que nasceram nas cidades, mas optam por viver no campo, buscando o melhor de ambos os mundos. Eles desejam uma maior conexão com a natureza e uma melhor qualidade de vida” (AZEVEDO, 2010, p.82).

Esses indivíduos se engajam em geral com atividades sustentáveis, como ecovilas, ecoturismo, permacultura, agrofloresta, agroecologia e agricultura orgânica.
Existem, 5 perfis principais de neorrurais. O infográfico abaixo destaca esses:

Os fundadores da PRETATERRA, Valter Ziantoni e Paula Costa, são exemplos reais de neorrurais. Abandonaram a cidade e hoje vivem em um sítio permacultural em Timburi, SP, onde hoje fica a sede da empresa. O casal valoriza o contato com a natureza e a vida ancestral e trabalha para que outras pessoas também possam experenciar isso.

Outro exemplo é o de Anderson Arcanjoleto e Angélica Facirolli, que deixaram a vida urbana para cultivar agroflorestas em um sítio em Patrocínio Paulista, SP. Para conhecê-los melhor, assista o vídeo disponível abaixo:

Por que esse movimento está ganhando força?

O neorurralismo teve suas raízes no movimento romântico do século XIX na França, mas ganhou força nas décadas de 1960 nos Estados Unidos e Europa.
Apesar de ter se expandido de sentido, esse fenômeno é impulsionado por diversos fatores. O estilo de vida nas grandes cidades está se tornando cada vez mais estressante, caótico e ansioso, especialmente agravado pela pandemia do COVID-19, que mostrou como as cidades são muito mais propensas à disseminação de doenças. O distanciamento social também destacou a necessidade de conexão humana. Esse período de reflexão levou muitas pessoas a reavaliar seus estilos de vida e perceber que a vida nas cidades pode ser insatisfatória e prejudicial à saúde.

Além disso, a tecnologia de trabalho remoto, impulsionada pela pandemia, tornou ainda mais possível o neorruralismo, permitindo que as pessoas se estabeleçam em ambientes mais naturais sem comprometer suas carreiras.

O que buscam os neorrurais?

Os neorrurais buscam qualidade de vida no campo, algo muitas vezes que não existe nas cidades e no modo de vida urbano. Eles também valorizam o contato com a natureza e procuram formas sustentáveis de produção de alimentos. Muitos também buscam uma maior conexão com a comunidade, que pode ser encontrada em ecovilas e projetos similares.

A demanda por projetos agroecológicos, por exemplo, vem crescendo demais, principalmente após a pandemia.

Será o futuro diferente?

O neorruralismo aponta para uma tendência significativa que sugere que a vida nas cidades está bem longe do natural. As cidades promovem um estilo de vida que se distancia cada vez mais da simplicidade de tempos passados, com sobrecarga de informações, poluição, ansiedade, isolamento social, consumismo e complexidade, tornando-se um modo de vida insustentável. Ao passo que as cidades promovem um estilo de vida desconectado das nossas raízes, levando a diversos problemas como a crise climática, poluição e problemas de saúde, o neorruralismo aponta para a necessidade de retornarmos a um modo de vida mais sustentável e harmonioso com a natureza. Indo além disso, ao tentarmos desafiar a natureza das coisas, somos confrontados com efeitos negativos, como a crise climática, enchentes, erosão e alimentação inadequada.

Por isso, muitos veem a vida próxima à natureza e conectada às nossas origens como uma opção mais desejável, algo que é quase impossível de alcançar na agitação urbana. Com esse movimento ganhando força, o futuro pode ser sim um lugar totalmente diferente do que se vê hoje: descentralizado, conectado e tranquilo. Algo que está totalmente de acordo com a nossa essência humana, e as pessoas, felizmente, estão cada dia mais conscientes disso.

 

Se quiser se aprofundar no assunto, acesse o link https://www.youtube.com/watch?v=QNRHVzpnPbU

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