FARFARM e o algodão orgânico

Sistema agroflorestal focado na produção de algodão orgânico, apoiado por outras espécies secundárias de valor ecológico e econômico

Agroforesta com algodão
Foto: Farfarm

Em 2019, a PRETATERRA firmou uma parceria com a FARFARM, empresa brasileira especializada em projetos de supply chain regenerativos. Financiado por uma das maiores empresas têxteis do mercado, o projeto consistiu em um sistema agroflorestal focado na produção de algodão orgânico, apoiado por outras espécies secundárias de valor ecológico e econômico.

A missão da FARFARM busca transformar a indústria têxtil no Brasil. Por meio da agrofloresta, ela estabelece cadeias produtivas virtuosas para abastecer o mercado têxtil de matérias-primas genuinamente ecológicas, apoiando pequenos produtores e, portanto, gerando baixo impacto socioambiental.

A partir dessa missão, a PRETATERRA iniciou um diagnóstico da propriedade da FARFARM que recebeu o nosso projeto, localizada no município de Montes Claros (MG). Partimos da análise criteriosa das condições edafoclimáticas locais para estabelecer um projeto adequado às oportunidades e realidades da região, tendo em mente a necessidade de fixar como foco uma única commodity: o algodão orgânico.

A PRETATERRA elaborou o design agroflorestal da propriedade, criando um sistema integrado com linhas florestais, além de um guia detalhado para o plantio e o manejo das espécies escolhidas. Desenhamos um sistema biodiverso, com 16 espécies selecionadas, entre frutíferas (côco, mamão, abacaxi), plantas de adubação verde (feijão guandu), espécies madeireiras (como angico e aroeira verdadeira) e, claro, o algodão, espécie-chave do design. Nesse caso, planejamos uma produtividade de 150-160 kg de pluma/ha, uma projeção numérica que serviu inclusive como critério e base para o estabelecimento do restante do sistema.

O projeto final apresenta presença de espécies secundárias de serviço e forrageiras cujo objetivo é de garantir a produção de biomassa e cobertura do solo, além de servir de alimentação para o gado. Um dos desafios foi identificar as espécies adaptadas ao clima semi-árido da região, levantamento feito em parceria com os agricultores locais.

Seguindo a essência de todos os projetos PRETATERRA, trata-se de um projeto modular (recortado em módulos) e totalmente replicável. Ele poderá ser adaptado a famílias de agricultores (parceiros da FARFARM) que vivem em propriedades da região e  que irão absorver, adaptar e se beneficiar diretamente com esse design.

Beto Bina, co-fundador da FARFARM, relata que as soluções encontradas pelo projeto PRETATERRA propõemdiretrizes para minimizar risco, mas com flexibilidade para utilização dos recursos disponíveis de cada comunidade e família”.

Vale ressaltar que a escolha do algodão como carro-chefe tem uma razão de ser muito clara. O algodão é uma das matérias-primas basilares da indústria da moda a nível global, um mercado que movimenta cerca de US$2,5 bilhão anualmente. Ao mesmo tempo, trata-se de uma cadeia produtiva de alto impacto socioambiental, com destaque para um alto consumo de recursos hídricos na produção, poluição com os resíduos químicos e, enfim, emissões de gases de efeito estufa (10% das de acordo com o Banco Mundial).

O Brasil tem um papel a desempenhar nesse setor, já que está entre os maiores produtores e exportadores dessa commodity (só perdendo para os Estados Unidos nesse quesito). Em 2019, registrou um aumento de 35% em área plantada e de 32% na produção em relação ao ano anterior.  Portanto, o projeto agroflorestal de algodão orgânico concebido com a FARFARM possui enorme potencial em contribuir com a construção de uma lógica e uma economia regenerativa em torno da industria têxtil e da industria da moda.

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Indispensáveis na agrofloresta, as espécies de serviço tem várias funções, mas uma das principais é a produção de biomassa.
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